AS VANTAGENS DO OTIMISMO

 Aline Arias Wolff

Martin Seligman em seu livro “Aprenda a ser otimista”, relata toda sua história de pesquisa acerca do desamparo aprendido, depressão e dos estilos explicativos. Iniciou seus estudos acerca do desamparo aprendido, comprovando através de pesquisa com animais, que quando em situação de descontrole (nada do que fizessem produzia qualque alteração no ambiente) o desamparo era aprendido e os animais se tornavam apáticos e não buscavam mais nenhuma solução.

Sua teoria do desamparo repercutiu muito no cenário científico e suscitou interesse de muitos – seus próximos passos caminharam no sentido de entender porque algumas pessoas perseveram mais do que outras ou se recuperam mais facilmente de uma adversidade. Movido pelos questionamentos de Teasdale, os autores (Seligman e Teasdale) concluiram que a forma como as pessoas explicam a si mesmas as coisas ruins que thes acontecem é a responsável pela suscetibilidade ao desamparo. Nesse contexto mudar esse estilo explicativo, que pode ser pessimista ou otimista, pode ser a maneira ideal de lutar contra o desamparo e a depressão, que muitas vezes decorre dele.

 Seligman sustenta e comprova, através de mais de 20 anos de pesquisas, que as pessoas com estilo de atribuição pessisimista tem maior tendência a desenvolver um quadro de depressão e nele se manter, bem como têm menos chance de sucesso em diferentes áreas – organizações,educação, esportes e até saúde. Por outro lado as pessoas com estilo explicativo otimista encaram as adversidades como temporárias e menos relacionadas a sua própria ação, o que faz com que perseverem mais frente aos obstáculos e não caiam no desamparo. Quando se pensa que algo ruim é passageiro é mais fácil angariar forças para tentar outra vez, diferentemente, de algo que não tem mais jeito, impregnado de interpretação catastrófica e personalizada, tais como: nada do que eu fizer vai mudar, nada do que faço dá certo, nunca irei conseguir passar por isso!

A visão otimista nada tem a ver com o pensamento positivo, mas sim com a evitação ou questionamento do pensamento negativo. Pesquisas demonstraram que o pensamento positivo por si só não tem qualquer efeito sobre a prevenção da depressão e sobre o sucesso. É importante questionar as convicções acerca dos eventos e avaliar se estão coerentes com os fatos, é tudo de sua inteira responsabilidade? As adversidades são tão permanentes como você as entende? Diferente de pensar eu vou conseguir, eu posso, a proposta aqui é dialogar com a realidade e questionar suas convicções negativas, que afetam suas emoções e ações. Veja no quadro abaixo as diferenças entre os estilos explicativos otimista e pessimista na explicação dos bons e maus acontecimentos.

Seligman dedica também muito de seus estudos às crianças e a importância de ensiná-las um estilo explicativo otimista. Sustenta que os pequenos aprendem o estilo explicativo da pessoa mais próxima a eles, que na maioria das vezes é a mãe. Ao observar a forma como a mãe (ou quem estiver cumprindo essa função) explica os infortúnios e os sucessos a criança incorpora e aprende como explicar os seus também, repetindo-os na maior parte das vezes.

Ao passar para os filhos que os reveses são permanentes e pessoais, enquanto que os bons acontecimentos são temporários e pouco relacionados a nossa participação aumentamos a chance de criar em nossos filhos um estilo explicativo pessimista, o que os predispõem mais facilmente à depressão. Os estilos explicativos das crianças influenciam todo seu desenvolvimento, tendo repercussão nas relações sociais e no desempenho escolar. As pesquisas do autor e seus colaboradores apontam uma relação direta entre o otimismo e o bom desempenho escolar.

         Ainda sobre o desempenho, mas na esfera esportiva, Seligman conduziu diversas pesquisas com o intuito de testar se os estilos explicativos dos atletas e da equipe como um todo influenciavam os resultados esportivos. Os resultados apontaram para a mesma relação encontrada no ambiente educacional, ou seja, quanto mais otimista o atleta e equipe melhores os resultados – a explicação dessa relação provavelmente se encontra no nível de persistência e capacidade de recuperação que o estilo explicativo otimista entrega aos indivíduos, tornando-os mais resilientes, uma habilidade psicológica fundamental no mundo esportivo

Nesse breve artigo algumas das vantagens do otimismo parecem claras, a leitura do livro de Seligman fornecerá uma visão mais abrangente das vantagens do pensamento otimista e também das situações em que o pessimismo também pode ser útil. Contudo, colocando prós e contras na balança o otimismo dispara na frente.A boa notícia é que o estilo explicativo que aprendemos ao longo da vida e através de nossas relações pode ser mudado ou ainda otimizado.

A terapia cognitiva é a modalidade psicoterápica com maior eficácia em grande parte das psicopatologias, dentre elas a depressão.  Sua base está na reestruturação dos pensamentos e crenças disfuncionais, que muitas vezes estão arraigados ao funcionamento do indivíduo e não são, naturalmente, questionados. Entender o quanto os pensamentos interferem nas emoções e comportamentos é oprimeiro passo para a mudança – questionar a razoabilidade de suas convicções acerca de você, do mundo e do futuro poderá permitir a visão da vida sob outra perspectiva.E é baseado nessa abordagem psicoterápica que Seligman sugere a mudança do pensamento pessimista para o otimista. Mude a lente pela qual você enxerga o mundo e deixe o colorido fazer parte da sua vida!

Baseado no livro “Aprenda a ser otimista” de Martin E.P. Seligman. 2.ed. 2010