Nos últimos dois anos, o Palmeiras ficou muito próximo de conquistar títulos, mas falhou na hora das decisões. Prestes a iniciar uma sequência de jogos importantes por Copa do Brasil e Campeonato Paulista, o técnico Luiz Felipe Scolari expôs as razões pelas quais ele acredita que agora a situação será diferente. A primeira prova emocional para a equipe virá nesta quarta-feira, contra o Santo André, pelo jogo de ida das oitavas-de-final da Copa do Brasil.
A psicóloga Regina Brandão ajudou o comandante a identificar novos líderes no elenco e moldar o perfil da nova equipe, que sofreu um trauma na eliminação da Copa Sul-Americana para o Goiás, em novembro de 2010. Em 2011, o time só perdeu uma vez e mostra maior maturidade dentro de campo, mantendo a cabeça no lugar mesmo em momentos difíceis. Para Felipão, o tempo ajudou o grupo a assimilar a proposta dele e da psicóloga.
- Tenho recebido ajuda das pessoas que trabalham comigo e que às vezes me orientam no sentido de trabalhar com A, B ou C. É o caso da Regina, psicóloga, que monta um perfil, e eu sigo dentro daquilo que é orientado. Hoje está melhor que no ano passado. Já temos um grupo um pouco diferente, com outra filosofia e alguma aceitação daquilo que foi planejado nesse trabalho de seis, sete meses. Temos um aspecto de grupo melhor que o do ano passado. Assim fica mais fácil de trabalhar o aspecto emocional para jogos como esses que vão ocorrer até junho. É tranquilo para mim e para eles, pois a ideia foi tocada e está dando resultado – comemorou Felipão.
Foi esse estudo psicológico, por exemplo, que ajudou a dar a faixa de capitão para Kleber. O perfil aguerrido do atacante foi um sinal do técnico para mostrar que tipo de equipe ele desejava para a temporada. O Palmeiras montou sua equipe pensando muito no comportamento e personalidade dos jogadores.
- Vamos conhecendo muitas coisas aqui, não se conhece o jogador só dentro de campo, mas sim dentro do vestiário, como ele se comporta após uma derrota, ou uma vitória. É uma série de detalhes que influencia na saída ou permanência de A, B ou C. Aí vocês não sabem porque alguém permanece ou foi negociado. Em um estudo, achamos melhor ter isso ou aquilo, são feitas escolhas – explicou Felipão.
Tudo feito com muito cuidado, para que a situação dos últimos dois anos não se repita. Nas semifinais da Sul-Americana, o Verdão venceu o Goiás no Serra Dourada por 1 a 0, e saiu à frente também no segundo jogo, no Pacaembu. No entanto, o time parou de jogar e levou a virada por 2 a 1, sendo eliminado da competição e frustrando a torcida. O fator emocional foi preponderante para o revés.
Em 2009, o time (ainda com Muricy Ramalho no comando) era líder do Brasileiro e caminhava a passos largos para o título. Nos jogos finais, uma queda abrupta de rendimento fez o Palmeiras perder jogos e também a cabeça. No fim, o time sequer ficou com vaga na Libertadores e teve como símbolo a briga entre Maurício e Obina, que trocaram socos após um jogo contra o Grêmio, em Porto Alegre.