O QUE É STRESS

 

Raquel Ayres de Almeida

 

 

O stress é um processo pelo qual alguém percebe e responde a eventos que são julgados como desafiadores ou ameaçadores. Ex: uma pessoa que é demitida do emprego certamente irá experimentar algum nível de stress, mas ela pode se sentir aliviada, caso se sentisse muito mal naquele trabalho, ou pode considerar esse problema como algo superável e talvez uma oportunidade para melhorar sua vida.    

O stress está em nosso cotidiano, podendo vir de várias direções, incluindo da família, vizinhos, trabalho, um ambiente estressante, entre outros. As fontes de stress são diversas: eventos importantes da vida, problemas cotidianos, stress ambiental (como ruído, lotação, desastres naturais), stress relacionado ao trabalho (sobrecarga de trabalho e de papéis, esgotamento, falta de controle sobre o trabalho) e fatores socioculturais (pobreza, imigrantes).  

Na maioria dos casos, o stress é uma experiência rápida, porém pode persistir por um longo período de tempo. O stress persistente ou crônico pode influenciar na vulnerabilidade da pessoa a doenças. Isso ocorre quando sobrecarrega os recursos de enfrentamento, prejudicando a saúde física. Algumas das doenças que podem ser relacionadas ao stress são: doenças cardíacas e hipertensão.

O stress ocorre em 4 fases e cada fase envolve alterações específicas no organismo que explicam como os sintomas se desenvolvem (fig. 1).

 

 

Fig. 1 (Selye, 1965; Lipp, 2010)

 

Na primeira fase, a do Alerta, diante de um desafio ou ameaça percebida, a pessoa necessita produzir mais força e energia a fim de enfrentar a situação desafiadora, havendo uma mobilização de recursos de enfrentamento. As mudanças fisiológicas no organismo neste momento contribuem para que haja aumento da motivação, entusiasmo e energia, o que pode, desde que não excessivo, gerar maior produtividade no ser humano.

Na segunda fase, da Resistência, a situação estressante persiste, havendo uma grande utilização de energia na busca pelo reequilíbrio do organismo, causando a sensação de desgaste generalizado sem causa aparente e dificuldades de memória, dentre outras consequências. O desgaste e a falta de memória são sinais de que a demanda ultrapassou a capacidade da pessoa lidar com a situação presente.

Na terceira fase, de Quase Exaustão, as defesas do organismo começam a ceder e ele já não consegue resistir às tensões e restabelecer o equilíbrio interior. É comum nesta fase a pessoa sentir que oscila entre momentos de bem-estar e tranquilidade e momentos de desconforto, cansaço e ansiedade. Algumas doenças começam a aparecer.  

Na quarta e última fase, de Exaustão, com os recursos esgotados, há uma quebra total da resistência e alguns sintomas que aparecem são semelhantes aos da fase de alarme, embora em maior magnitude. Podem ocorrer exaustão psicológica em forma de depressão e exaustão física na forma de doenças que começam a aparecer. Embora seja uma fase grave, não é irreversível.

Quando o stress é prolongado, ele afeta diretamente o sistema imunológico reduzindo a resistência da pessoa e tornando-a vulnerável ao aparecimento de infecções e doenças contagiosas. Em consequência da queda do sistema imunológico, doenças que permaneciam latentes podem ser desencadeadas, como úlceras, hipertensão arterial, diabete, problemas dermatológicos, alergias, impotência sexual e obesidade.

  

Referência:

Lipp, M. E. N. (2010). O modelo quadrifásico do stress. In M. E. N. Lipp (org). Mecanismo Neuropsicofisiológicos do Stress: teoria e aplicações clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Straub, R. O. (2005). Estresse. In R. O. Straub. Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artmed. 

Selye, H. (1965). Stress: a tensão da vida. São Paulo: Ed. Ibrasa.