Exercício Físico – Como a Psicologia pode movimentar as pessoas

Aline Arias Wolff

Sabe-se e não é de hoje que o exercício físico é um dos hábitos que mais previnem doenças crônicas e até transtornos psiquiátricos como depressão e transtornos ansiosos, por exemplo. É considerado como recurso em diversos tratamentos médicos e amplamente conhecido como necessário para o bem-estar e qualidade de vida, sem contar os benefícios estéticos que proporciona.

Os benefícios e a necessidade de exercitar-se parece já ser de domínio do senso comum, entretanto os indíces de sedentarismo estão altíssimos e problemas como obesidade e síndrome metabólica figurando na lista do mais encontrados nos consultórios. Muitos são os fatores envolvidos no processo de tomada de decisão para engajar-se em um programa de atividade física. Tais fatores passam pelas crenças do indivíduo, que podem estar relacionadas com experiências diversas com o exercício físico, podendo ser positivas ou negativas, também tem conexão com hábitos e estilo de vida e com o grau de conhecimento acerca das benesses de uma atividade física programada.

A tabela abaixo (Weinberg e Gould, 2001, p. 382) demonstra algumas das causas do exercício físico aumentar o bem-estar psicológico, é provavél que isso se dê em função de uma interação entre aspectos psicológicos e  mecanismos fisiológicos;

A psicologia do exercício auxilia em duas etapas igualmente importantes: a primeira delas é no engajar-se na atividade física e a segunda é em manter a adesão ao programa iniciado.  Weinberg e Gould(2001) trazem o dado que apenas metade dos adultos que começaram programas de atividade física continuam participando. Essa é uma dificuldade que atinge os profissionais da saúde e atividade física, que muitas vezes não recebem treinamento para avaliar aspectos psicológicos que interferem e podem ser determinantes no comportamento de exercício dos indivíduos. Tal fato acaba fazendo com que as pessoas ou não iniciem um programa de atividades físicas ou desistam após um intervalo de tempo.

A Psicologia do Exercício é uma vertente da Psicologia do Esporte e dá conta dessas questões. Os profissionas treinados nessa prática podem auxiliar na adesão ao exercício de diversas formas:

• Treinamento dos profissionais de Educação Física para identificar características individuais e implementar estratégias de motivação
• Treinamento dos profissionais de Educação Física e administradores de centros de atividade física ou reabilitação sobre passos e mudanças necessárias para o aumento da adesão
• Grupos com os participantes de atividade física para aumentar a adesão e trabalhar as crenças negativas que possam estar associadas ao exercício físico
• Palestras informativas sobre a importância da atividade física e de que forma ela pode atuar no bem-estar psicológico

Aspectos como suporte social, fatores ambientais, características de personalidade, características da atividade física são fundamentais no processo de adesão e precisam ser levados em conta. Muitas vezes as pessoas recebem como recomendação o exercício, mas não sabem nem como iniciar, o processo de avaliação pré-exercício deveria recolher informações que pudesse ajudar no processo de adesão.

 As academias, escolas esportivas e mesmo centros de reabilitação cardíaca ao implementarem intervenções psicológicas podem aumentar significativamente a adesão ao exercício e consequentemente a satisfação e bem-estar dos indivíduos nele engajados. Tal movimento acaba por aumentar a participação da comunidade em atividades físicas programadas, pois as pessoas satisfeitas com sua participação no exercício tendem a convidar amigos e parentes, o que gera uma cadeia de indicações bastante funcional.

Abaixo, algumas dicas para aumentar a adesão ao exercício:

• Forneça estímulos visuais para o exercício (sinais, cartazes, cartões de enfrentamento, fotos, adesivos, etc.)
• Torne os exercício agradáveis
• Adapte a intensidade, a duração e a frequencia dos exercícios
• Promova a atividade física entre amigos, casais, parentes
• Trace metas
• Forneça feedback individualizado, mas na medida certa
• Faça os participantes/alunos assinarem um contrato simbólico de comprometimento com o exercício
• Faça os participantes recompensarem a si mesmo por conquistarem seus objetivos

 
Bibliografia:
Becker Junior, B.; Samulski, D. (1999) Manual do Treinamento Psicológico para o Esporte. Feevale.
Cratty, B.J. (1984) Psicologia no esporte. Rio de Janeiro : Prentice – Hall do Brasil.
Rubio, K. (org). (2003). Psicologia do esporte aplicada. São Paulo : Casa do psicólogo.
Rubio, K. (org). (2000). Encontros e Desencontros: descobrindo a psicologia do esporte. São Paulo: Casa do Psicólogo,
Samulski, Dietmar. M. (2002). Psicologia do Esporte. São Paulo: Editora Manole.
Weinberg,R.S; Gould, D. (2001) Fundamentos da Psicologia do Esporte e do Exercício.Porto Alegre: Artes Médicas.